domingo, 29 de setembro de 2013

A Verdade

- Se é isso mesmo que você quer, lhe direi.
Ela suspirou. A voz profunda e feminina reverberava pelas paredes da caverna. Cada passo que ela dava ecoava com o metal, clang, clang, clang. A armadura vazia andava como gente, e da sombra do lugar em que seus olhos e boca deveriam estar, vinha a voz.
- Ninguém virá para te resgatar. Ninguém é resgatado nesta vida. Jaz aí morta. Morta dentro de mim, dentro da armadura que criou.  E aí ficará, e aí perecerá, se não resgatar a si mesma. 
Com a voz rasgada e rouca de uma idosa, a magra menina, quase esquelética, de pele pálida e olhos fundos, caída sobre as pedras do chão, o cabelo castanho espalhado pelas rochas úmidas, respondeu:
- Minha velha amiga, não pode mais me levar?
- Não. Nunca te levei. Sempre foi você que me levou. Você que me ergue em seus ombros. Nunca a carreguei. Foi seu espírito que me forjou, necessitou de mim pela proteção. Mas não há como eu acompanhar-lhe: está fraca demais. E sei que apesar de sentir-se melhor comigo, se continuarmos, você me carregando, não aguentará. E não se resgatará.
- Mas a batalha ainda está em mim, Alluar.
- E é este o problema e a solução: Está EM você. Dentro de você. Eu sou feita para as batalhas de fora. Se servir-lhe numa batalha interna, jamais vencerá. Estará lutando contra si mesma e protegendo-se de si mesma. Mas não pode lutar as batalhas de fora sem antes encerrar a de dentro. E não poderá lutar as de dentro se se arrasta com meu peso pelas batalhas de fora.
Uma única gota botou de um dos olhos da garota magra. Rolou lentamente sobre a sequidão do que antes eram cheias faces rosadas.
- Está me pedindo para te abandonar. Não sei fazer isso. Como posso fazer isso? Sem você, estarei por fim completamente sozinha.
- Você em mim está completamente cega. Passou as últimas noites culpando-me, mas sabe muito bem que está pendurando-se em mim, pondo em mim seus erros, sendo que você me fez, e faz-se crer dependente de mim.
- Disso já me desculpei, mas sabe que passei a vida com você...
A armadura vazia marchou a passos duros até a garota, ajoelhou-se ao lado dela e pousou uma das luvas de metais em seu ombro.
- Passou a vida comigo porque você me É. E eu lhe sou. Somos uma só. Me chama de irmã, mas você me é. 
- Está aí mais um motivo: Não sei ser sem você.
- Não. Você sabe muito bem ser sem mim. Vive me desmontando nos momentos mais inconvenientes. Acaba se machucando. E nunca protesto. Porque sem sentir, você não viverá. Mas já faz tempo demais que não me tira. Não sente mais nada. Não vive. Por isso está definhando. 
Virou e sentou-se ao lado dela.
- Não sei mais dançar.
- Temo ter que concordar. Não, não sabe. 
- Eu sabia dançar. Sabia ouvir a música, até mesmo a música do silêncio. Sabia quando lutar e quando dançar. Sabia quando brandir a espada ou quando rodopiar. Pouco importava onde estava. Podia estar sozinha, mas sozinha nunca estava. Havia o universo... Havia as estrelas, a noite e o vento. Agora só há esta caverna, onde me enfiei, dentro desta armadura, nesta escuridão, num silêncio que é muito mais vácuo e muito menos música. Nada me alimenta. Tudo é vazio.
- Não sabes dançar nem consigo, nem no universo, nem comigo.
A armadura levantou. Estendeu-lhe a mão.
- Não consigo...
- Consegue sim. Venha. Vamos abrir a janela.
O peito da magra criança subiu sob os farrapos. Uma, duas, três vezes. Subia e descia num lento e doloroso ritmo. Ela conseguiu levantar um dedo.
Somaram-se as pequenas arfadas ao esforço dos finos músculos. Às rangidas das juntas da armadura. Ao raspar dos ossos. Aos pés e botas nas pedras. Harmonizou-se o mundo. Ela levantou com auxílio da dama de metal.
Parou em pé diante da armadura oca. Suas mãos ossudas posavam sobre as mãos de ferro, sem apoiar-se. Como uma pluma num galho.
- Vamos. A janela.
Levaram o que parecia horas para chegar ao círculo de pó na parede. A armadura tentou varrer o pó com as luvas de aço, mas elas apenas arranharam o vidro sob a sujeira, sem nada limpar. A garota olhou desapontada para a face oca dela. E franziu o cenho.
A garota tomou a luva da armadura num piscar de olhos. Vestiu-a em suas mãos. Flexionou os dedos de metal na ponta de seu braço magro.
E com um estrondo, atravessou a janela com o punho.

A luz da lua atravessavou a nuvem de pó, e o vento que invadiu a caverna em segundos varreu-lhes a vista. Quando enxergaram outra vez, a noite se abria à sua frente.

Ela tirou a luva de metal e devolveu-a à armadura. A armadura recolocou a luva em seu braço.
Estendeu-lhe outra vez a mão.
E dançaram o silêncio por uma nova eternidade.


A.G.
20/09/2013


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Gargoyle

She sits alone on the roof.
Above the city, below the clouds.
She sits in the line inbetween.
She has two wings.
One feathered, one leathered.

She is the inexistent space amidst dark and light
She is the dot between Above and Below
Alone she watches the universe roll
Alone she keeps
The life that shines beneath.

She is the guardian of all this
The living fools
The loathing souls
The fear's abode

And the light from the mourning stars.

"Let the fools be alive and let the light be dead
Let me keep as they live
For I am made guardian and guardian i will die
Let them dance shallow as I watch in deep.
What was once a curse is now a blessing
The only way I am able to live
Let me be for what I have been done
So they can dance below the Above."









A.G. 26/08/2013

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Cérebro.

- Me deixa em paz.
Não.
- Então pelo menos cala a boca.
(Passa os próximos 10 minutos trocando de posição sem se estabelecer)
- PÁRA QUIETO, CACETE. Inacreditável.
Posso pelo menos respirar?
- DEPENDE. VOCÊ CONSEGUE RESPIRAR SEM FAZER BARULHO?
Mais ou menos. Lembra que a gente tem sinusite, né. Aliás, você tomou o antialérgico?
- Não, não tomei, não vi necessidade nenhuma.
É, mas já está fungando, olha só. Devia ter tomado. 
- Deixa pra amanhã cedo. Agora não faz diferença.
(Bate na tela do celular. Os números brancos acendem: 02:07).
A gente ainda tem umas 6 horas de sono. 
- Faz duas horas que a gente tá nisso. Mas que saco. Por quê você não fica quieto de uma vez? Daqui a pouco vai perguntar do livro que temos que terminar no dia 22, da gasolina do carro, do depósito que não chegou ainda, da porra do corretivo que ainda não compramos. E aí vão sobrar 5, 4, 3 horas de sono, e veremos que não dormimos nada. Por quê infernos você faz isso comigo?
Ora, me desculpe se você não me deixa falar muito durante o dia, me resta esse horário para tentar arrefecer. E a culpa não é minha se você fica adiando tudo pra amanhã, e depois, e depois, mas não termina nada. Aí é minha obrigação, no mínimo, lembrar você. E só me resta esse horário pra isso.
(02:39)
- Ótimo, olha só, daqui a pouco só teremos 5 horas de sono, eu não disse...? Ah, desisto. Vamos pegar um caderno e sei lá, escrever ou desenhar, até você esvaziar as ideias um pouco e ficar quieto de uma vez. Fazer uma lista do que temos que terminar amanhã. (Acende a luz). Pode começar.
...
- Alô? Cérebro?
...
- Desgraçado.

(Apaga a luz, vira para o lado, puxa o cobertor e dorme).

A.G.
08/08/2013

Estandarte


Tropecei nos buracos da terra nua, do caminho entre os arbustos. Pequenos cortes no meu rosto ardiam. Galhos agarravam nas vestes e dilaceravam tecido e pele enquanto eu meio andava, meio corria, aos supetões.

Ou porque as pernas já não aguentavam mais correr, ou porque parecia longe o suficiente para se ter alguma segurança, parei. Não parei suavemente; caí na terra seca sem cerimônia, bati a testa num resto de tronco. Bufei, o pavor já me abandonando, e um certo alívio ajudando a me recompor. Virei no chão poeirento com certa dificuldade, a calça enroscando no mato baixo, e olhei para o trajeto que havia percorrido.

Estava no meio de um bosque de porte significativo. Ele beirava um riacho e ficava a dois ou três quilômetros da batalha. Uma coluna de fumaça distante espiava a clareira, acusadora, como se soubesse que eu estava ali. Que eu devia estar lutando. Percebi que havia corrido muito em pouquíssimo tempo. Desesperada. Uma covarde.

Olhei para baixo; o buraco escuro na minha panturrilha secava, e o sangue que antes jorrava apenas escorria lentamente, espesso. Saí correndo por causa disso?

Não, não havia saído correndo só por causa disso. Saí correndo porque tudo isso era uma loucura. Que eu havia entrado para um exército com meus próprios motivos e intenções, mas que no fim, quando as batalhas começaram, eu não era eu, não lutava por mim. Era mais um soldado, um número entre centenas e milhares, usados por um líder para lutar por ele,  não por si mesmos.

Ora, se lutássemos por nós mesmos, com certeza não seria em favor dele.

Deixei-me cegar por tanto tempo, fiz-me crer que enquanto eu estivesse progredindo, estava tudo bem. Que enquanto eu não parasse, tudo se encaixaria. Que os fins justificariam os meios.

Mas estou aqui; joguei minha armadura pedaço a pedaço pelo caminho enquanto fugia. E fugi porque já não sei mais por que estou aqui. Me deixei esquecer tudo, toda a verdade que era minha, para beber da verdade corrupta de alguém que mal conheço. Que nunca olhei nos olhos.

Acordei agora num lugar desconhecido; numa estrada que não sinto ter escolhido.

Algo espetava minha cintura. Empurrei aquilo; senti a espada na cintura, cujo cabo me cutucava, como se quisesse falar.

Puxei-a fora do estojo. Parecia limpa para o olhar de um estranho, mas via em seus detalhes, em seus encraves, marcas de sangue seco. De gente como eu. Gente que confundiu ser com seguir e morreu pelo nome de alguém.

- Mãe, faça a Maré lembrar seus nomes. Que os quatro cantos lembrem. Perdoe-me por não sabê-los eu mesma.

Segui pensando enquanto utilizava uma ponta do que antes era uma roupa de linho grosso que separava minha pele do couro e do metal  para limpar as finas linhas vermelhas da prata da espada.

Não quero meu nome apagado por uma lâmina. Não quero carregar um estandarte que não desenhei. Não quero sangrar por uma ideia na qual não creio. Não quero seguir um caminho que não escolhi.

Tentei lembrar-me. A batalha havia começado em Vereüst. Eu estava ao lado do riacho que cortava o feudo. Uns três dias a oeste, conseguiria encontrar abrigo em território neutro, num vilarejo. Lá eles não temeriam nenhum selo, nem do rei, nem do usurpador. Mas respeitariam uma boa armadura de couro e aço. Talvez conseguisse uma estadia barata com o brilho dos guerreiros.

Resolvi voltar e catar os pedaços dos quais havia me descartado. Eu ainda usava o peitoral e as ombreiras. Voltaria um quilômetro, recolhendo o que conseguisse.  Depois seguiria o pôr do sol.

Seguirei a pé até lá, e dali traçarei meu plano. Nunca sozinha: sempre com a Maré e os quatro Ventos. Mãe, irmã, se estiver comigo, me ajude com este novo norte.

Não seguirei. Não sangrarei em vão. Não carregarei o que não me pertence. 

Não me apagarão.


A.G.
08/08/2013

domingo, 4 de agosto de 2013

Tensão

Sinto a mudança da Maré nos ossos. É um novo tempo, um novo marco.
O ar parece palpável, e o vento ambíguo trouxe calor e nuvens nesta manhã. Como se quisesse que o frescor do câmbio temporal fosse palpável, o calor apenas vem das fechadas janelas; mas ao abri-las vem a brisa e a sombra da chuva que apenas aguarda sua vez de existir.

Cada passo é uma memória concreta, como se quando se passa onde já se passou, pudesse ver-se fazer o que fez há cinco minutos e há dez anos, simultaneamente.

Mas sabe-se bem que isso é sombra: e a consciência de que o ato de agora marcará-se nas linhas do tempo, faz o peito bater nervoso. Mesmo que a casa esteja vazia.

Parece a calmaria antes da tempestade. E mesmo que ela ainda não venha, é tangível.

Parece que tudo e todos esperam algo. As plantas, o cair das folhas, os animais, a troca de pelos e penas, a maré, a próxima onda. Não há medo ou hesitação. Há apenas a espera. Uma ansiedade não das consequências  do fazer, mas de descobrir quais atos serão marcados em Chronos, e quais serão irrelevantes.

Tudo aguarda como se uma última engrenagem precisasse ser encaixada, para iniciar todo um sistema.


A.G.
04/08/2013

terça-feira, 28 de maio de 2013

Ad infindum

Uma vastidão vazia me cobre o cenho. Um horizonte ocupado acalma-se. Cantos, gritos e falas, tudo cessa.
Em uma una visão cada pensamento esvai-se, cada ideia corre em fuga, some como extinta.
E de repente o que era feito de partículas torna-se feito de ausências. Uma, duas, três. Sim, pelo menos três.  Uma alma feita de tufões e ciclones em um tapa silencia-se, consciente das faltas.
Uma ausência se enrola à outra.
Uma voluntária, pediu para ir-se, depois de tanto tempo ali instaurada, parecia já pertencer ao lugar. Pertencia à mente, e ao coração. Mas justo o pertencer assustou-lhe, e o que deveria ser um lar pareceu-lhe prisão, e fugiu como se de ir ou ficar dependesse sua liberdade. Ausentou-se.
Uma ao acaso, que o mundo não lhe permite ficar. Vai e vem como a ressaca das ondas, mas quando vem, é bem-vinda; mas foi ausentar-se quando justo as outras também partiram. Dependente do vento, esta maré que sobe e desce, talvez um dia quererá engarrafar-se e pertencer.
Mas a última, está aí a maior delas: porque as outras não desapareceram, mas se ausentaram. Esta, passou justamente pela última coisa que acontece com qualquer um. Esta que chegou como a águia em meio aos pombos e espantou-os, criando assim os vazios secundários. Esta que não vai embora, por mais que se tente criar presenças. Ela fica ali imponente sobre o muro, assustadora, e nada mais além dela ousa ficar. Afugenta os outros pensamentos, apavora-os; tudo é dela e pertence a ela, fazendo parecer que seu domínio será eterno. Sei que não será. Mas sua onipotência não permite à certeza que fique. Ela chegou de olhos fechados, de semblante sereno, emaciado, sob um véu de linho branco. Chegou com cada lembrança. Mas lembrar parece alimentar sua estadia. Nada resta sob esta ausência. O que se faz para a distração, não dura. Resgatar lembranças a fortalece. Qualquer ofício é claramente em vão para expulsá-la.
Resta apenas esperar que o vazio se preencha, que ela retome seu voo e vá embora. Que deixe os pensamentos voltarem a existir. Que deixe as frases serem terminadas.
Há sempre a leve esperança que as duas primeiras ausências desistam; a primeira sei que não desistirá. A segunda é imprevisível, e talvez volte e traga uma redenção epifânica... Mas qualquer seja o desfecho do vazio, para que ele se finde, é necessário aguardar.
Pois que o tempo trate de derrubar logo suas areias, para que os ecos das frases não findadas, se findem.


A.G. 20/05/2013



domingo, 3 de março de 2013

Enjoy The Crestfallen

Translated from the original in portuguese: A Queda II

Last princess.
Last floor.
Last tower.
Last chance.

  I've climbed it to rescue you. Your unknown dragon seemed extinct. I entered, I found you, but on my way out the creature rose. It roared and spat fire, but the rusted armor by the years barely felt the heat. But you, and your jewel studded dress of lies, it burned.
  You were then nude and hurt. You tripped on the tower's steps while I stabbed your dragon. But you fell into the abyss.
  I left the monster aside, as it no longer affected me, and extended my hand to you. But even nude, burned, hurt and humiliated, you stuck to your pride and chose death before my help.
  So fall, fall and die, because perhaps dying, you shall fall your due rebirth, and reborn with your armor and swords so you can slay your dragon yourself.
  For I have in me my own dragons, and you have chosen. You believe to be queen, princess, but yet naked and crownless, you fall. So enjoy the falling, for the path of return to the surface is long and painful, but with climbing, perhaps you'll at last earn your new clothing; less noble and less fragile, but far more real.
  You have denied my arm, so fall. Fall you and your lie, and your satin of fantasy, woven while asleep you were.
  Now wake up, alone, and you will learn someday you believed you could have everything, and you're now awake at the bottom, with nothing.
  Scream no more for help of the Silver Knight, for he shall not come.

Authar Alluar



A Queda II – Enjoy the Crestfallen

Original text - click for english version: Enjoy The Crestfallen

Última princesa.
Último andar.
Última torre.
Última vez.

Escalei para te resgatar. Teu dragão desconhecido parecia extinto. Entrei, encontrei-te, e ao sair de lá, a criatura levantou-se. Rugiu e cuspiu fogo, mas a armadura enferrujada de anos mal sentiu o calor. Mas a ti, e a seu cravejado vestido de mentiras, queimou.
Estava então nua e ferida. Tropeçou nos degraus da torre enquanto eu esfaqueava o dragão. Mas tu caíste no abismo.
Deixei o monstro, já não me afetava, e te estendi a mão. Mas, mesmo nua, ferida, queimada e humilhada, tu guardaste o orgulho e escolheste a morte a meu auxílio.
Pois caia, caia e morra, pois talvez morrendo, tu encontres uma renascença devida, e renasça com tua armadura e tuas espadas para matares teu dragão.
Pois tenho em mim meus próprios dragões, e tu fizeste tua escolha, pensas ser rainha, princesa, e nua sem coroa, tu cais.
E aproveite a queda, pois o caminho do retorno à superfície é longo e dolorido, mas ao subir, talvez faças por merecer tuas novas vestes; menos nobres e menos frágeis, mas mais reais.
Tu negaste meu braço, então cai. Cai tu e tua mentira, teu cetim tecido de fantasias enquanto dormindo estavas.
Agora acordas sozinha, e aprenderás que um dia tu acreditaste que podia ter tudo, e acorda agora no fundo, sem nada.
Não grite mais pela ajuda do Cavaleiro de Prata, pois ele não virá.

Authar Alluar