domingo, 4 de agosto de 2013

Tensão

Sinto a mudança da Maré nos ossos. É um novo tempo, um novo marco.
O ar parece palpável, e o vento ambíguo trouxe calor e nuvens nesta manhã. Como se quisesse que o frescor do câmbio temporal fosse palpável, o calor apenas vem das fechadas janelas; mas ao abri-las vem a brisa e a sombra da chuva que apenas aguarda sua vez de existir.

Cada passo é uma memória concreta, como se quando se passa onde já se passou, pudesse ver-se fazer o que fez há cinco minutos e há dez anos, simultaneamente.

Mas sabe-se bem que isso é sombra: e a consciência de que o ato de agora marcará-se nas linhas do tempo, faz o peito bater nervoso. Mesmo que a casa esteja vazia.

Parece a calmaria antes da tempestade. E mesmo que ela ainda não venha, é tangível.

Parece que tudo e todos esperam algo. As plantas, o cair das folhas, os animais, a troca de pelos e penas, a maré, a próxima onda. Não há medo ou hesitação. Há apenas a espera. Uma ansiedade não das consequências  do fazer, mas de descobrir quais atos serão marcados em Chronos, e quais serão irrelevantes.

Tudo aguarda como se uma última engrenagem precisasse ser encaixada, para iniciar todo um sistema.


A.G.
04/08/2013

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